pedro alvares cabral
Bem sabe que o mundo é guerra e perfídia. Mas coisas que o ódio nega, o temor as concede. Também sabe que há sinas e maldições a perseguir os fortes. Pedro Álvares Cabral tudo enfrenta, é homem de um só desígnio, antes quebrar que torcer.
Honras e pompas em Sta. Maria de Belém e a 9 de Março de 1500 fazem-se ao largo. Antes, El-rei D. Manuel falara-lhe de terra que, frente à África, existirá a ocidente do Mar Oceano. Que a descobrisse, se pudesse. Talvez por ela D. João II tenha insistido em transferir o meridiano divisor do Tratado de Tordesilhas de 100 para 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
Na armada, entre outros seguem Pero Vaz de Caminha, cronista d'El-rei. E ainda Bartolomeu Dias, o primeiro a dobrar o Cabo da Boa Esperança. Também o seu irmão Diogo Dias e Nicolau Coelho, que foi um dos comandantes da expedição de Vasco da Gama.
Primeira maldição: nas águas de Cabo Verde desaparece uma das naus. Ninguém saberá dela, nunca mais. Das 13 ficam 12.
Frente à Guiné tomam barlavento (1). Américo Vespúcio (2) não entende a manobra, resmunga que os portugueses nada sabem de navegação... Deixá-lo resmungar, o italiano é bom marinheiro, tem direito a um resmungo... Tocadas por sueste, as naus são empurradas para ocidente. Girará depois o vento para sudoeste e tornará a armada à costa d'África, porém em latitudes bem mais ao sul. Abaixo do Equador descreverá assim um amplo arco de círculo no Mar Oceano.
Mas grandes surpresas esperam Cabral, homem que, em nome d'El-rei de Portugal, navega disposto a enfrentar tudo e