Pedagogia
Unidade 4 – “Filosofia: a Busca pelo Conceito”
HERÁCLITO E PARMÊNIDES: SOBRE O SER E O DEVIR
Heráclito (544-484 a. C.)
Nascido em Éfeso, na Jônia (atual Turquia), Heráclito é aquele que trata do devir. É a idéia do movimento, de que tudo flui, nada é imóvel e os contrários formam uma unidade. Neste entendimento, para Heráclito, a unidade do mundo resulta da contínua tensão da oposição das coisas: a harmonia nasce da própria oposição. Aliás, a contradição não só produz a unidade do mundo, mas também a sua transformação. O mundo é como um rio que flui continuamente. É impossível banhar-se duas vezes na mesma água (PAIM, PROTA e RODRIGUEZ, 1999, p. 48).
Buscando compreender a multiplicidade do real, mas contrariando os pré-socráticos anteriores, Heráclito não rejeita as contradições e quer aprender a realidade na sua mudança, no seu devir. Conforme o esclarecimento de ARANHA & MARTINS (2003), todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois(ARANHA e MARTINS, 2003, p. 119). Por isso é impossível nos banharmos duas vezes no mesmo rio, pois, na segunda vez nós já mudamos e o rio também. Portanto, no entendimento heraclitiano não há ser estático e, o dinamismo de tudo pode ser representado pela metáfora do fogo, forma visível da instabilidade, símbolo da eterna agitação do devir, ‘o fogo eterno e vivo, que ora se acende e ora se apaga’ (ARANHA e MARTINS, 2003, p. 119).
O ser em Heráclito é múltiplo. Esta multiplicidade não se refere à idéia da existência de múltiplas coisas apenas, mas ao entendimento que o ser é composto de oposições internas, por isso múltiplo em si mesmo. Para este pré-socrático, o que mantém o fluxo do movimento não é o simples aparecer de novos seres, mas a luta dos contrários, pois ‘a guerra é pai de todos, rei de todos’. E é da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários (ARANHA e MARTINS, 2003,