Pedagogia
Uma das questões mais candentes que hoje se coloca no processo de democratização da sociedade brasileira é, sem dúvida, a questão da gestão democrática da educação.
Trata-se de uma problemática nova que emerge no bojo da própria movimentação da sociedade civil e da reorganização do aparelho estatal em face das exigências suscitadas pelas determinações sócio-político-econômicas da conjuntura atual.
De fato, a administração da educação vem tradicionalmente se desenvolvendo no interior da burocracia estatal tecnocrática calcada nos interesses dos grupos que têm conseguido fornecer os principais elementos do projeto da sociedade vigente. Assim, aos rumos que o padrão do desenvolvimento capitalista impôs ao Brasil corresponderam formas de gerir a coisa pública de maneira concentracionista e autoritária, inclusive no âmbito da educação, tal como se pode constatar na análise da história brasileira a partir de 1930, salvo os raros momentos em que a hegemonia das elites se viu ameaçada pelo avanço das forças populares.
Este padrão de administração tecnocrática, determinado pelas condições históricas do País, busca legitimar-se nas concepções teóricas de base positivista que "privilegiam a racionalidade técnica na suposição de uma sociedade harmônica, em que os conflitos podem ser resolvidos mediante procedimentos meramente técnicos".
Evidentemente, tais concepções, aliadas ao clientelismo político crônico que impera na administração do setor público, contribuíram para a consolidação deste padrão de gestão, que apresenta características similares, tanto na instância macro quanto a nível das unidades escolares, a saber: excesso de pessoal, duplicidade e fragmentação de ações, dispersão e má aplicação dos recursos financeiros, desarticulação entre setores, centralização e autoritarismo.
Convém observar, aliás, que para gerir a máquina governamental nestes moldes, o Estado passa também a interferir diretamente na