Pedagogia Moderna
Órfão de mãe, nove dias após seu nascimento, foi educado, até a idade de dez anos, por um pai sem força de vontade e sem equilíbrio, “um boa-vida” que se embriagava e brigava, às vezes, nas ruas.
Após a fuga do pai, em consequência de uma briga com um capitão, passou a ser educado por uma tia do lado paterno, e ficou sob a tutela do tio Bernard, tio por parte materna, e em companhia de seu primo Bernard. Eram deixados numa liberdade quase total, da qual nunca abusavam.
Mais tarde teve liberdade ainda maior, muitas vezes ele levou vida errante, liberado, por isso mesmo, das repressões sociais e familiais.
Foi um autodidata, que se instruía através de leituras livres, lia com a mesma avidez tudo que caía em suas mãos; comprava livros de aritmética e aprendeu muito bem, pois aprendeu sozinho. Também se instruía pelo contato com a natureza e pelo contato com os seres humanos. Encontrou muitas pessoas, príncipes, bispos, diplomatas, genebrinos, camponeses suíços, vagabundos de Lyon, sem contar os filósofos.
Seu caráter esclarece sua pedagogia, era naturalmente bom, gostava dos animais, das crianças e dos homens; gostava de ser amado e tinha necessidade disto. Procura os homens com uma confiança tão total, tão imprudente, que essa confiança era frequentemente enganada e, então, ele se torna introspectivo*, como animal ferido, numa aparente misantropia*. Era um homem simples, inimigo do luxo, das alegrias refinadas, da ostentação*, amigo de verdade: “Seu coração transparente como cristal nada pode esconder do que se passa dentro dele”.
Jean-Jacques criado á solta, quase sem receber lições e sem professor, permaneceu o que era ao nascer, naturalmente bom. Desenvolveu-se sem se corromper, contrariamente