V. A Constituição da Pedagogia Moderna O desbloqueio da arte de governar
O desbloqueio da arte de governar
Ainda que o século XVI tenha sido a era das condutas, das direções, do governamento e que o prisma, a lente através da qual se perceberam os problemas da condução tenha sido a instrução das crianças, a arte de governar não pôde expandir-se nem conseguiu consolidar-se antes do século XVIII (Foucault, 2006), e isso por várias razões. Em primeiro lugar, razões históricas como as grandes crises do século XVII: a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) que envolveu a Europa em violentas confrontações por motivos religiosos, comerciais, dinásticos e territoriais; as revoltas camponesas e urbanas de meados desse século e a crise financeira e de artigos de subsistência que atingiu as monarquias no final do século XVII. Em segundo lugar, razões que têm a ver com estruturas mentais e institucionais1, em particular, Foucault faz referência ao problema da soberania, à importância das instituições de soberania e à concepção do exercício do poder como exercício da soberania. E o caso do mercantilismo que ainda ser o primeiro limiar de racionalidade da arte de governar ou a primeira racionalização do exercício do poder como prática do governamento, seu objetivo era o poderio do soberano e os seus instrumentos, leis, ordenanças, regulamentos, isto é, os mesmos da soberania; assim, o mercantilismo tentou inscrever as possibilidades de uma arte meditada de governar na estrutura mental e institucional da soberania (Foucault, 2006).
Por outro lado, a arte de governar no século XVI e XVII esteve sujeita ao modelo da família e nesse sentido, sua preocupação foi como fazer para que o governante pudesse governar o Estado da forma tão precisa e meticulosa como um pai governa sua família, em outras palavras, como aplicar a economia da família para governo do Estado. E aqui é preciso lembrar que nessa época a economia não fazia referência a outra coisa que à gestão da família e da casa, daí que a arte de governar