a pedagogia moderna é uma pedagogia burguesa
Professora Edna Pimentel
Filosofia da Educação
GHIRAIDELLI Jr. Paulo. O que é Pedagogia. São Paulo: Brasiliense, 1987
A pedagogia moderna é uma pedagogia burguesa
Outro dia, não faz muito tempo, recebi um telefonema de uma amiga. Ela disse que estava procurando escola para seus sobrinhos, e que estava em dúvida... não sabia se os matriculava numa escola que dizia adotar uma "pedagogia piagetiana", ou noutra que anunciava ser adepta da "pedagogia montessoriana". Sendo assim, me procurou para ouvir minha opinião; afinal de contas, ela queria que seus sobrinhos "convivessem com uma pedagogia moderna". . .
Sempre que alguém fala em "pedagogia moderna", a minha vontade é perguntar: mas existe hoje em dia uma pedagogia que não seja moderna?
Na verdade, as pedagogias que estão hoje por aí são todas fruto do Mundo Moderno, ou seja, do Mundo Burguês que nasceu do colapso dos mundos Medieval e Feudal. Portanto, as pedagogias de hoje são, enfim, vertentes da pedagogia moderna.
Um dos primeiros protagonistas da pedagogia moderna foi Martinho Lutero (1493-1546). De fato, Lutero não só afrontou a Igreja com suas teses pregadas na porta de seu templo. Ele teceu críticas à pedagogia católica que imperou no período medieval. Para Lutero, era uma vergonha que "um menino necessitasse estudar vinte anos ou mais, somente para aprender uma algaravia de mau latim e então tornar-se padre e dizer missa". A pedagogia católica não ia além disso e, portanto, estava defasada dos novos tempos que surgiam.
Na verdade, com essas palavras pronunciadas no tratado Sobre o cativeiro babilônico da Igreja (1520), Lutero nada mais fazia do que expressar as aspirações da burguesia nascente, que desejava mais escolas e uma nova pedagogia. A burguesia não desejava uma pedagogia lenta e desatenta às novas condições de produção.
Mas não foi Lutero quem realmente aprofundou, no âmbito pedagógico, os desejos da burguesia emergente.