Paulo Freire
e seu método
de alfabetização de adultos
Há mais ou menos 50 anos, um brasileiro visionário criou um método de alfabetização de adultos que mais que ensiná-los a ler e escrever em 45 dias, resgatava neles a coragem, a vontade e a força para participarem do mundo de forma crítica e consciente. Esse brasileiro foi Paulo Freire, educador pernambucano, filósofo, escritor, político e militante de causas sociais. “Ele elaborou uma teoria do conhecimento e procurou o sentido da educação, centrando suas análises na relação entre ‘educação e vida’, reagindo às pedagogias tecnicistas do seu tempo. A educação, para ser transformadora, precisa estar centrada na vida. Para ser emancipadora, necessita considerar as pessoas, suas culturas, respeitar o modo de vida deles”, conta Angela Biz Antunes, diretora de Gestão do Conhecimento do Instituto Paulo Freire.
Quando criou seu método, Freire era diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife. Inconformado com a exclusão e silenciamento de brasileiros, com o número de analfabetos no país, com o modelo de ensino que tratava adultos como crianças, que alienava estudantes e que só os distanciava da construção do conhecimento, ele resolveu propor algo para mudar. Criou um método sem cartilha, que desse voz ao aluno. Para testá-lo, partiu com um grupo para uma cidadezinha localizada no sertão do Rio Grande do Norte, Angicos, e alfabetizou 300 cortadores de cana em 40 horas-aula. Freire estimulava adultos a entenderem o funcionamento do registro escrito a partir do conhecimento deles, assumindo que o aprendizado (e a escola) acontece também fora das quatro paredes da sala de aula.
O método
Ele dividiu seu método em fases. Inicialmente, o educador explora junto com o adulto a ser alfabetizado quais palavras e temas são parte do universo vocabular do grupo. Por meio de conversas informais, seleciona aproximadamente 20 palavras geradoras.