paulismo
Dobre longínquo de Outros Sinos... Empalidece o louro
Trigo na cinza do poente... Corre um frio carnal por minh' alma...
Tão sempre a mesma, a Hora!... Balouçar de cimos de palma!
Silêncio que as folhas fitam em nós... Outono delgado
Oh que mudo grito de ânsia põe garras na Hora!
Que pasmo de mim anseia por outra coisa que o que chora!
Estendo as mãos para além, mas ao estendê-las já vejo
Que não é aquilo que quero aquilo que desejo...
Címbalos de Imperfeição... Ó tão antiguidade
A Hora expulsa de si-Tempo! Onda de recuo que invade
O meu abandonar-se a mim próprio até desfalecer,
E recordar tanto o Eu presente que me sinto esquecer!...
Fluido de auréola, transparente de Foi, oco de ter-se.
O Mistério sabe-me a eu ser outro... Luar sobre o não conter-se...
A sentinela é hirta - a lança que finca no chão
É mais alta do que ela... Para que é tudo isto.... Dia chão...
Trepadeiras de despropósitos lambendo de Hora os Aléns...
Horizontes fechando os olhos ao espaço em que são elos de ferro...
Fanfarras de ópios de silêncios futuros... Longes trens...
Portões vistos longe... através de árvores... tão de ferro!
1. Ideia vaga da ansiedade,tristeza,provocada por uma paragem ou estagnação (ate poe garras da Hora). Para isso contribuem:
2. –as frases nominais suspensas nas reticencias
3. –os desvios sintacticos (pauis de roçarem, tao sempre, azul esquecido em estagnado)
4. –sinestesias (silencio que as folhas fitam)
5. –imagens visuais que sugerem subtileza e requinte psicológico (a minha alma em ouro, louro trigo na cinza do poente, balouçam cimos de palma)
6. –o oximoro mudo grito
7. –mas sobretudo o vocabulário e as imagens que sugerem a paragem e a estagnçao (empalidece, frio, tao sempre a mesma Hora, azul esquecido em estagnado, poe garras)
IMPRESSÕES DO CREPÚSCULO Pauis de roçarem ânsias pela minh' alma em ouro...
Dobre longínquo de Outros Sinos...