pecados o poder sermao aos peixes
9. Do paúlismo derivou ainda outra corrente, o interseccionismo, cuja melhor expressão foi a “Chuva Oblíqua”, corrente que resulta de uma adaptação do paúlismo a novas estéticas como o futurismo e o cubismo. Com esta corrente o poeta pretende exprimir a complexidade e a intersecção das sensações percepcionadas, aproximando-se, então, do cubismo que exprime a interpenetração e sobreposição dos planos dos objectos.
10. Chuva Oblíqua II Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia, E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça... Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso. E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro... O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar... Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça E sente-se chiar a água no facto de haver coro... A missa é um automóvel que passa Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste... Súbito vento sacode em esplendor maior A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe Com o som de rodas de automóvel... E apagam-se as luzes da igreja Na chuva que cessa...
11. Mais tarde surgia o sensacionismo, corrente que faz a apologia da sensação como a única realidade da vida corrente que Fernando Pessoa considera cosmopolita e universalista e que corresponde a uma arte sem regras, conforme o texto datado de 1916: “ A uma arte assim cosmopolita, assim universal, assim sintética, é evidente que nenhuma disciplina pode ser imposta, que não a de sentir tudo de todas as