A poesia de Mario de Sa Carneiro
Embora reconheça-se que Mario de Sá-Carneiro foi um brilhante precursor da poesia moderna, fundalmente podemos classificá-lo como um simbolista.
Em Portugal pode-se definir duas escolas simbolistas, como cita Martins em “O Modernismo em Mário de Sá-Carneiro”. A primeira escola é a nefelibata (ou decadentista) e a segunda é a simbolista de Pessanha, Roberto de Mesquita, Ângelo de Lima. Os temas simbolistas eram mais voltados para o misticismo e ocultismo e são repletos de sinestesias, aliterações, assonâncias e repetições fônicas das vogais.
O Simbolismo para Fernando Pessoa, aparece como um possível começo para criação de algo diferente, dessa maneira, o caminho fica livre para as teorias paulista e interseccionistas.
A designação de Paulismo, vem de uma poesia de 1913, que começa com a palavra “pauis”. Paulismo significa poesia de paul ou pântano. Em uma carta trocada entre Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa no mesmo ano, Sá-Carneiro demonstra seu entusiasmo: “Quanto aos PAUIS... Eu sinto-os, eu compreendo-os, e acho-os simplesmente uma coisa maravilhosa... É álcool doirado, é chama louca, perfume de ilhas misteriosas o que você pôs nesse excerto admirável, onde abundam as garras.”
Fernando Pessoa e Mario de Sá-Carneiro, iniciam então o Paulismo, que consiste em um refinamento dos processos simbolistas. O estilo paúlico define-se pela intersecção entre subjetivo e objetivo, pois há uma associação de ideias desconexas, frases nominais, exclamativas, algumas frases organizadas e uma sintática completamente nova, com um vocabulário expressivo de vazio e tédio. O Paulismo é um saudosismo intelectualizado.
“Indícios de Oiro”, não foi editado durante a vida de Mário de Sá-Carneiro, o poema Ângulo, publicado nesse livro e tema de estudo dessa proposta nos servirá como reflexão para características importantes do momento:
Angulo
Aonde irei neste sem-fim perdido,
Neste mar ôco de certezas mortas? –
Fingidas,