PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL Haroldo Leitão Camargo
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL
Haroldo Leitão Camargo
Em primeiro lugar, a queda da Bastilha está presente de forma implícita ou manifesta no discurso histórico que ouvimos desde que encetamos nossos estudos. Ora, a queda da Bastilha é apenas um fato, no entanto, a interpretação deste acontecimento assinala o inicio da contemporaneidade. O significado capital da Queda da Bastilha está como na ruptura do antigo regime do absolutismo monárquico e no aparecimento de um mundo novo com as idéias republicanas – de coisa publica – e monarquias com poderes limitados por princípios constitucionais. Mas o que era a Bastilha? Nada mais além de uma grande fortaleza construída durante a Idade Média como um dos bastiões defensivos de Paris. Todavia o mais importante: transformara-se numa prisão onde eram encerrados sumariamente os inimigos e aqueles a quem os reis atribuíam periculosidades. Em 1790 a Bastilha foi arrasada e o terreno onde se assentara, transformado numa grande esplanada, é hoje uma praça. À destruição dos vestígios do passado irão se contrapor práticas que também nascerão da Revolução, articuladas à prevenção dos bens – sistematizadas posteriormente – que constituem o que denominamos patrimônio. Estes motivos – sem contar as inúmeras contradições -, também não seriam diferentes dos terríveis acontecimentos de 11 de Setembro de 2001 em Nova York. As torres eram símbolos do poder econômico-financeiro dos Estados Unidos, tanto quanto o Pentágono em Washington simboliza a hegemonia militar americana. Não é necessário dizer que os casos citados acima, obeliscos egípcios ou arcos de triunfo romanos, também são monumentos históricos. Toda e qualquer produção artística também é, necessariamente, uma produção histórico-social. Embora nem todo monumento histórico seja considerado uma obra de arte. A denominação monumento, atualmente, é pouco utilizada, exceção feita aos bens já classificados no passado ou, para usar o termo,