Partição de Comprimidos
Partição de comprimidos: considerações sobre o uso apropriado
Marcela de Andrade Conti, Camila Carvalho Adelino,
Lucinda Braz Leite e Sabina Bicalho Vasconcelos
Introdução
As apresentações de comprimidos disponíveis nem sempre estão em doses apropriadas à prática clínica, sen‑ do um estímulo à partição dos mesmos. Por exemplo, a hidroclorotiazida é disponível em comprimidos de 25 mg e
50 mg, mesmo que estudos tenham demonstrado que esse fármaco apresenta eficácia e menor risco de reações ad‑ versas na dose de 12,5 mg.1 Por isso, mesmo não havendo disponibilidade no mercado, a apresentação de 12,5 mg foi incluída na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) 2006.2
Em 1998, as autoridades reguladoras européias inicia‑ ram uma política desencorajando a partição de comprimi‑ dos. Uma possível justificativa é o grande número de rela‑ tos de mau funcionamento das fendas nos comprimidos. 3
Partição de comprimidos é prática habitual em instituições de cuidado em saúde, por orientação profissional ou por decisão própria dos usuários.4,5 Apresenta vantagens, como flexibilização de dose, facilidade de deglutição e redução de gastos com medicamentos, e desvantagens, como difi‑ culdade de partição, divisão em partes desiguais e perda do produto.5
Partição x trituração: partição consiste na divisão de um comprimido em duas ou mais partes iguais, enquanto trituração é sua redução a pó por atrito contínuo.22
Vantagens
Dentre os fatores que estimulam a partição de compri‑ midos, o mais comum é a flexibilização de dose. Sua utili‑ dade pode ser relevante, principalmente, para tratamento de crianças e idosos, cujas posologias geralmente não estão contempladas pelas apresentações comerciais disponíveis.5
Pode ser interessante, também, por permitir início do trata‑ mento com a mínima dose efetiva, implicando em diminui‑ ção da ocorrência de reações adversas. 6
A facilidade de deglutição é a