Parmênides
Nota sobre Parmênides
Parmênides de Eléia (em torno de 530 e 460 a.C) é um filósofo pré-socrático, do qual chegaram até nós muitos fragmentos do seu Poema “Sobre a Natureza”. Ele é talvez o único filósofo pré-socrático a escrever em forma poética.
O Poema está dividido em três partes: no Proemio, Parmênides descreve seu encontro com a Deusa, a qual lhe revela os dois únicos caminhos de pesquisa e entre os quais deverá escolher. Na primeira parte de seu Poema, Parmênides descreve a Via da verdade e na segunda parte a Via da aparência, que ele precisa evitar e que é o caminho próprio dos mortais. A filosofia de Parmênides, de acordo com muitos interpretes se coloca em contraposição com a posição de Heráclito (que iremos estudar na próxima aula) e com a filosofia dos Pitagóricos.
Na primeira parte de seu Poema, Parmênides parte da premissa que “é” e deduz de forma puramente lógica os atributos do Ser e todas as conseqüências da existência do Ser. Esta parte é levada até o fim apenas através de raciocínios lógicos, independentemente da contribuição dos sentidos. Da segunda parte da obra, na qual é descrita a Via da aparência, só chegaram até nós poucos fragmentos. A interpretação desta parte se tornou difícil para os exegetas, pois parece não ter uma ligação direta com a primeira parte. Com efeito, na primeira parte o filósofo nega legitimidade ao mundo das aparências, ao passo que na segunda parte parece afirmar que o mesmo tem certa legitimidade e que é preciso aceitar também a existência do mundo testemunhado pelos sentidos. Se na primeira parte o objeto de investigação é o caminho da Razão, na segunda parte é o testemunho dos Sentidos. Parmênides afirma que o erro dos mortais é de admitir como verdadeira a existência dos opostos sensíveis e quando, na segunda parte do poema, ele mesmo “comete” este erro para explicar a existência dos opostos, afirma claramente que se trata de um erro: (fr. 8 v. 54), “foi onde eles erraram”.