Paranoia ou Mistificação
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A única diferença reside em que nos manicômios essa arte é
De há muito que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios.
Embora se dêem como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como a paranóia e a mistificação.
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A outra espécie é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.
Quem trilha esta senda, se tem gênio é Praxiteles na
Grecia, é Rafael na Itália, é Reynolds na Inglaterra, é Dürer na Alemanha, é Zorn na Suécia, é Rodin na França, é
Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno desses sóis imorredoiros. Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêm as coisas e em conseqüência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestre.
Notas:
(1) Os subtítulos na coluna da esquerda não fazem parte do texto e foram acrescentados para facilitar a leitura pela Internet.
(2) A acentuação gráfica, que Lobato usava aleatoriamente, foi alterada, observando-se a ortografia vigente.
(3) A pontuação, característica do estilo de Lobato, foi mantida como se encontra no texto original.
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A propósito da Exposição Malfatti
Paranóia ou mistificação?
Monteiro Lobato
As extravagâncias de
Picasso & Cia.
A arte e a percepção sensorial
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