paradigmas

A dinâmica familiar de mais ou menos 60 anos atrás não considerava a creche como dentro da rotina das famílias.
A necessidade da mãe sair para trabalhar e contribuir na renda familiar, transformou os arranjos familiares, e as creches passaram a ser consideradas como um suporte para àquelas que não tinham com quem deixar seus filhos. (OLIVEIRA, Z. M. R. A creche no Brasil: mapeamento de uma trajetória. Revista da faculdade de Educação, 14 (1): 43-52, 1988)
O fator mais importante foi a grande mudança na forma das crianças viverem sua infância. Enquanto antes as brincadeiras eram livres na rua com amigos, sendo criados dentro do convívio familiar com muita afetividade, relacionando-se com a família: avós, tios, primos, tudo isso foi transposto para uma realidade cheia de normas, muitas vezes sem formação adequada das pessoas que lidavam com essa criança, e também onde a afetividade e o conhecimento das necessidades de cada faixa etária era um bem precioso e inexistente.
A Sra. Amale Nemr foi uma das entrevistas para verificar a realidade de 50 anos atrás. Estudante na época, professora, com uma rotina de 3 turnos diários de trabalho (manhã, tarde e noite), mesmo assim nenhum dos seus filhos fizeram uso de creche.
De acordo com a entrevistada, creche na sua época era realmente um lugar mal visto, para crianças de baixa renda, que não tinham onde ficar e muitas vezes frequentavam a creche para ter alimentação e cuidados básicos. TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Já a experiência de Zilma de Almeida foi bem diferente. Com 33 anos de idade, duas filhas, hoje com 10 e 16 anos, a creche foi a única opção para conciliar o trabalho quando teve sua 2ª filha, porque não tinha nenhuma pessoa da família com disponibilidade para cuidar. Foi uma experiência positiva, considerando as possibilidades e limitações de uma creche municipal, segundo ela. A necessidade era um atendimento integral, com alimentação, estimulação, descanso e