Para um racional bioniano de interpretação
Para um racional bioniano de interpretação dos dados projectivos
LUÍS DELGADO (*)
Dispomos actualmente de instrumentos projectivos – nomeadamente o TAT, pelo qual nos temos interessado mais (Delgado, 1989,
2001, 2006) – dotados de uma técnica de passagem, de análise e interpretação que permitem um processo metodológico rigoroso, o qual é um garante de fiabilidade científica destes instrumentos e que se articula de maneira coerente, pertinente e rigorosa no seio de uma reflexão metapsicológica cada vez mais aprofundada e rica. Dispomos assim de garantias metodológicas utilizadas e balizadas graças ao corpo teórico da metapsicologia freudiana, identificadas pelas técnicas projectivas tal como são concebidas por autores recentes consagrados tais como Catherine Chabert (1983, 1987),
Françoise Brelet (1986), Monica Boekholt
(1993), Nina Rauch de Traubenberg (1981),
Rosine Debray (1977), Vica Shentoub (1972,
1973, 1990), Brelet-Foulard e Chabert (2003), só para falar dos autores da Escola Francesa.
Estes instrumentos projectivos oferecem uma possibilidade de compreensão do vivido humano tão pertinente para as exigências da investigação como para as exigências da prática clínica, a escuta da realidade psíquica humana em todas as suas variações.
Tendo em conta a nossa formação teórica académica e clínica, a nossa escolha é a de nos
Professor Auxiliar do ISPA e Psicanalista da SPP e
IPA.
colocar num sistema de pensamento psicanalítico, clássico (freudiano e kleiniano), mas simultaneamente abertos às novas conceptualizações psicanalíticas, nomeadamente bionianas, como contentores conceptuais na actividade de psicólogo “projectivista”.
Deste modo não iremos apresentar o modelo psicanalítico clássico, objecto de inúmeros trabalhos, utilizando a metapsicologia freudiana e o modelo estrutural edipiano, para passarmos imediatamente a algumas contribuições psicanalíticas de W. Bion que