Para além do texto nas crônicas do rubem braga
Tatiane Martins[1]
RESUMO
Crônica enquanto gênero textual híbrido, em que a linguagem transita entre o literário e o jornalístico. Valorização da subjetividade como meio de conquistar os leitores. Análise qualitativa das crônicas de Rubem Braga e do poder que a linguagem do gênero tem de comunicar e de interagir com o leitor.
PALAVRAS-CHAVE: Crônica, Rubem Braga, subjetividade, interação com o leitor
INTRODUÇÃO
Todo e qualquer texto que cai em nossas mãos tem uma finalidade. Mesmo o mais simples, que trata dos assuntos mais corriqueiros, tem um objetivo. Esse objetivo não precisa, necessariamente, estar baseado na construção de conhecimento para o leitor, ou na possibilidade de desenvolvimento cultural. Pode, simplesmente, querer ser uma leitura agradável, com a pretensão de chamar a atenção para o cotidiano. Assim, é a crônica. Sua principal característica é o relato das particularidades dos acontecimentos. Por meio da visão e percepção do narrador é que o leitor vai tomando conhecimento da história, fato a fato. Os cronistas são espectadores privilegiados, que mostram ao mundo a sua versão sobre este, num determinado espaço de tempo. Hoje, a mais marcante peculiaridade da crônica é a valoração do fato ao tempo que se vai narrando, articulado sobre o olhar individual do cronista. Assim são as crônicas de Rubem Braga. Elas são expressivas, ou seja, descrevem as cenas, as pessoas, os lugares, e o fazem com uma bela junção de palavras. Beleza que só a literatura proporciona. Há uma despreocupação com a verdade, mas uma busca pelo real, no sentido de descrever os acontecimentos cotidianos. O leitor interage com o texto que o seduz. A possibilidade que o leitor tem de se apropriar da narrativa só ocorre porque, antes disso, o próprio cronista já se tornou um pouco dono de suas histórias. Rubem Braga, por exemplo, independente de contá-las a partir de um fato ocorrido ou não, tem a liberdade de