Papel papelao
Porém, estudando com um pouco mais de cuidado a questão da desmobilizaçãopopular
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, pudemos perceber o quanto somos levados a acreditar no que a ideologia promovidapelo capital nos impõem sutilmente.Primeiramente, devemos nos situar e entender que vivemos numa política dedesenvolvimento capitalista, e, em um país considerado dependente dos países centrais. Sócom isso, já podemos entender que vivemos em um sistema de exploração e, que portanto,dificulta a formulação de mecanismos de participação social, não universalizando acessos, nãofacilitando os encaminhamentos, não transparecendo os trâmites, hierarquizando decisões.Em segundo lugar, pudemos entender, que nos dias atuais, esses movimentos tiveram oseu “desaparecimento”, relacionado, em parte, à conquista da Constituição de 88, queinstaurou novas formas de gestão que abriram a possibilidade da participação direta dapopulação e a novas formas de negociação em que “técnicos de governos, associações demoradores, entidades civis, representantes do Poder Legislativo, sindicatos e entidadesempresariais, negociam alternativas para regulamentação fundiária, para urbanização defavelas e construção de moradias populares, gestão e usos de fundos públicos municipais paradesenvolvimento urbano e programas sociais, propostas de defesa ou recuperação do meioambiente, apoio à chamada economia popular, possibilidades de desenvolvimento local egeração de renda, além de problemas setoriais ou questões pontuais ou mesmo episódicas.”(Paoli e Telles, 2000:112)
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. Ao contrário dos grandes movimentos e associações populares em
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Ver Francisca Fátima de FARIAS, Associativismo e Participação &
Maria Célia PAOLI e Vera da SilvaTELLES, Direitos Sociais: Conflitos e Negociações no Brasil Contemporâneo In:
Cultura e Política nos Movimentos Sociais Latino-Americanos
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A descrição de várias dessas experiências pode ser encontrada em Daniel, 1994; Baierle, 1992; Kowarick &Singer, 1993; Pacheco, 1993, 1995;