Papel da mulher no mercado de trabalho
Essas normas podem ser a cor da pele, a opção sexual, a religião, o sexo, a origem social ou quase qualquer outra marca que se impõe aos indivíduos. A discriminação existe em todos os continentes, em inúmeros países, em muitas línguas e em várias culturas. Trata-se de prática quase universal. Portanto, a resposta à pergunta: “existe discriminação na sociedade brasileira?” é um sim trivial.
Entretanto, nem todas as discriminações são iguais. Uma coisa era o sofrimento de ciganos na Alemanha nazista ou de negros na África do Sul com o “apartheid”, outra, a discriminação contra magrebinos na França de hoje. A diferença fundamental é o grau. Em muitos aspectos da vida, a discriminação é difícil ou impossível de se medir, mas, em outros, a sua mensuração é possível. Podemos, assim, seguir o seu comportamento ao longo do tempo, além de comparar as discriminações sofridas por diferentes grupos.
Uma das esferas da vida na qual é possível mensurar os efeitos da discriminação é o mercado de trabalho. Neste artigo pretendemos estudar, quantitativamente e ao longo do tempo, os resultados sobre os indivíduos das práticas discriminatórias no
Brasil. Para tanto, precisamos limitarmo-nos às pesquisas disponíveis e comparáveis ao longo do tempo. A única pesquisa realizada no Brasil de abrangência nacional e comparável ao longo de pelo menos uma década é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Dois tipos de discriminação no mercado de trabalho têm conseqüências identificáveis pela PNAD: a discriminação contra negros e a discriminação contra mulheres.
Virtualmente, todas as pesquisas domiciliares perguntam o sexo das pessoas no domicílio e o questionário principal da PNAD contém informação auto-declarada sobre a cor da pele para