paisagens da serra
A Serra do Espinhaço constitui uma grande cordilheira, cuja pronunciada morfologia é resultado de espessas camadas de quartzito que recobrem o embasamento altamente metamorfizado em função de processos tectônicos (PFLUG et al., 1980).
Importante divisor de três grandes e importantes bacias hidrográficas - São
Francisco, Jequitinhonha e Doce - a Serra do Espinhaço constitui um conjunto de terras altas, em que “a denominação de ‘serra’ esconde (..) uma realidade fisiográfica que seria melhor definida pelo termo ‘planalto’” (SAADI, 1995:1).
Segundo Saadi (1995), em uma escala regional, a Serra do Espinhaço pode ser subdividida em dois compartimentos de planaltos, separados por uma depressão situada a norte de Diamantina. O Planalto Meridional enquadraria toda a região localizada entre as nascentes do rio Cipó na Serra do Cipó - área considerada limite meridional ou início da Serra do Espinhaço1 - até a depressão que o separa do Planalto Setentrional. O
Planalto Setentrional, por sua vez, inicia-se a norte da depressão que o separa do primeiro planalto mencionado e estende-se até a Bahia (SAADI, 1995).
Nestes, mais de séculos de histórias ilustram as relações de percepção e apropriação do meio dito natural como local de experiências humanas.
Porém a ocupação da Serra do Espinhaço não teve início nos idos séculos
XVII/XVIII, ela remonta à transição do Pleistoceno para o Holoceno, sendo as mais antigas datadas de 12 000 anos BP- conseguida a partir da datação de um carvão retirado de uma estrutura de combustão do Grande Abrigo de Santana do Riacho, na
Serra do Cipó - (PROUS; JUNQUEIRA; MALTA; CHAUSSON, 1991), correspondendo, portanto, a um período de ocupação pré-histórica.
Para se falar das paisagens culturais pré-históricas da região Diamantina - região pela qual este trabalho se interessa - é importante entender os diferentes aspectos que as compõem - o meio natural e os componentes culturais, antes de olhar para