Paisagem
A ciência é um processo permanentemente em crise e isso, sem ser paradoxal, constitui o verdadeiro motor de sua constante evolução que está sempre (re)descobrindo novas parcelas do conhecimento.
Foi isso que permitiu estabelecer um novo conceito científico sobre a paisagem, relacionado ao valor cultural, que agora se descobre como ameaçado pela ação humana, o que torna urgente buscar ferramentas e/ou mecanismos de preservação, em contraposição ao progresso da própria civilização atual. Um exemplo interessante ocorreu na França. Em 1973, uma série televisiva mostrou uma França desfigurada devido a crescente artificialidade de suas paisagens, resultado do processo de transformação de uma sociedade rural em uma sociedade urbana e industrial. Em janeiro de 1993 foi promulgada uma lei sobre a proteção e valorização das paisagens; nos meses seguintes foram aparecendo os primeiros decretos.Em 1994, a publicidade de um vinho tinha como cenário as paisagens formadas pelos terraços da Côte Vermeille, com os parreirais. Dizia a propaganda “consumindo este vinho procedente destas terras você está colaborando com a manutenção desta paisagem, patrimônio de todos”. O conceito de paisagem nasceu dentro da geografia, mais especificamente dentro da geografia física e, a partir daí surgiram várias vertentes, desde a que considera o caráter fisionômico/visual que apresenta um determinado espaço físico, até o científico que propõe dimensioná-lo. A palavra paisagem se incorporou pela primeira vez ao léxico técnico da geografia em 1805, introduzida por H.G.Hommeyer, dentro do conceito de que paisagem inclui um conjunto de estudos geográficos integrados. Paisagem é uma palavra de uso muito recente e que não foi descoberta/usada na antigüidade nem pelos povos mais humanistas, que utilizavam termos como spacies, locus, facies ou situs para expressar impressões relacionadas com a paisagem. Muitas definições antigas relacionam a paisagem com a