Pais e Filhos em Psicoterapia
O artigo em questão foi retirado da revista científica Psicologia, Ciência e Profissão (Qualis A2) e publicado no ano de 2012 pelas autoras, Zuleica Pretto e Fabíola Langaro, estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina. Elas apresentam, sob esse título, um relato de um processo psicoterápico realizado com uma criança de sete anos de idade com base na teoria existencialista de Jean-Paul Sartre. No artigo, expõe-se a busca de se intermediar o desenvolvimento da criança, bem como auxiliá-la na sua objetivação com base nas queixas trazidas pela mãe da criança através da teoria sartreana e por alguns autores existencialistas. Embora Sartre tenha discorrido pouco sobre questões relacionadas à infância em suas obras, há passagens em que ele aborda de forma acentuada sobre as relações familiares, e com base nessas passagens é que se refletiram, no início do artigo, as condições de ser criança e a construção que o sujeito faz de si. O primeiro ponto sobre a constituição do sujeito de que fala Sartre é que “a existência precede a essência”. Isso significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo, e que só depois se define (1978a, p.12). Dessa forma, para o existencialismo, não existe natureza humana, uma vez que o homem não pode ser conceituado antes de ser concebido. Em outras palavras, no momento em que a criança nasce não há qualquer característica, traço ou condição biológica que seja capaz de determinar como o sujeito irá se constituir. O que existe, segundo o existencialismo, é uma condição humana, que se define através, sobretudo, das escolhas do indivíduo. Porém, ao nascer, os sujeitos que participam direta ou indiretamente da gestação e da criação da criança, especificamente a família, é que delinearam os horizontes iniciais para a constituição do seu ser. E é na complexidade desse espaço, então, que a criança deve encontrar as condições e mediações