Padaria espiritual.
A Padaria Espiritual se originou do espírito revolucionário de um grupo de jovens que se reuniu em forma de sociedade para, através das letras, protestarem contra a burguesia, o clero e tudo que fosse tradicional, como consta de seu programa.
Foi no Café Java, com o apoio do seu proprietário, conhecido como Mané Coco, que apesar de não ser intelectual, cedia com muito gosto o lugar para as reuniões desse grupo de jovens, chegando até a preparar depois um “quiosque” separado para a Padaria.
No início, era um grupo pequeno, com Antônio Sales, Lopes Filho, Ulisses Bezerra, Temístocles Machado e Tiburcio de Freitas. Esses jovens conversavam sobre literatura, daí surgindo a ideia de formar um grêmio literário. Eram todos muito novos, sendo Antônio Sales o único que tinha livro publicado.
A ideia central era despertar no povo o gosto pela literatura, que andava um pouco esquecida. No entanto, já havendo precedentes de sociedades literárias de caráter formal, burguesa e retórica, decidiram que só valeria a pena se fosse uma coisa nova, original e até mesmo escandalosa, que repercutisse amplamente. Antônio Sales lhe deu o nome de Padaria Espiritual, que teve ótima aceitação, e logo depois fez também o programa de instalação da sociedade, que foi um verdadeiro sucesso, tornando-se conhecido de todos e chegando, até mesmo, a ser publicado integralmente por jornais de outros Estados.
O próprio Antônio Sales conta, no seu livreto Retrospecto, a história da Padaria, que diz muito do espírito de seus membros.
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RESUMO
Fortaleza, final do Século XIX. Durante seis anos, uma sociedade de "rapazes de Letras e Artes" daria o que falar. Bem-humorados, ousados, sobretudo talentosos, os membros da Padaria Espiritual protagonizaram, na acanhada província, um movimento literário modernista que antecedeu em muitos anos a Semana de Arte Moderna. Fariam história. E