A Trajetória Histórica da Educação no Brasil

ESCRITA DA HISTÓRIA E CATOLICISMO NA PASSAGEM DO SÉCULO XIX PARA O
XX: UM HISTORIADOR E SUA MILITÂNCIA CATÓLICA
Ana Paula Barcelos Ribeiro da Silva1
Parte de um projeto mais amplo intitulado “Escrita da história, unidade e integração nacional nas primeiras décadas republicanas: diálogos entre Guilherme Studart e Max Fleiuss
(1889-1931)”2, este artigo visa à reflexão sobre a militância católica de Guilherme Studart
(1856-1938). Médico, historiador e fundador do Instituto Histórico, Geográfico e
Antropológico do Ceará, Studart foi também Barão de Santa Fé, título a ele conferido pelo
Papa Leão XIII, e membro atuante da Sociedade São Vicente de Paula e do Círculo Católico de Fortaleza. Ativo e influente política e intelectualmente, o Barão se tornou um instigante pretexto para a análise das relações entre catolicismo e escrita da história do Brasil. Relações estas pouco trabalhadas, embora latentes em uma sociedade de formação ibérica, na qual a religião se mantém influente, mesmo diante de um processo de secularização e ascensão das ideias positivistas que marca a passagem do século XIX para o XX, interferindo no olhar sobre o passado. Aqui a modernidade e a tradição se encontram gerando tensões e ambiguidades em um período considerado de grande importância na revisão historiográfica e na profissionalização do campo no país.
Importante ainda nos diálogos com o IHGB3, no Rio de Janeiro, Studart exemplifica uma via de mão-dupla que envolve o fortalecimento da unidade e da identidade nacionais e a relativização entre centro e periferia, a partir da interação entre estes pólos defendida por
Carlo Ginzburg (1989). Isto porque neste período o intercâmbio entre o IHGB e os institutos regionais se inseria numa tentativa de inserção das diferentes regiões brasileiras na escrita da história, de modo a integrar o regional ao nacional e conferir unidade à diversidade brasileira.
Assim, a história produzida seria uma história do Brasil e não um olhar do centro sobre si
mesmo.