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CAPÍTULO NN – IMPLÍCITOS
IMPLÍCITOS
Observemos o seguinte diálogo hipotético:
• – Vamos à cantina, Maria?
– Onde está a Eduarda, José?
No diálogo descrito acima, Maria não nega o pedido de José, mas isso não impede o leitor de pensar que a resposta de Maria ao pedido de José seria negativa mesmo que Maria não tenha respondido nada. Da mesma forma, se um professor diz:
• – Esta questão é fácil: meus alunos conseguem resolvê-la sem problemas.
Ele quis dizer que determinado problema pode ser resolvido por seus alunos, que é exatamente o mesmo que diz da frase a seguir:
• – Esta questão é tão fácil que até meus alunos conseguem resolve-la sem problemas.
No último exemplo ainda há um determinado problema de fácil resolução, mas alguém que ouve essa frase entende que o professor também disse algo a mais: ele disse que seus alunos não são bons sem pronunciar nenhum termo a respeito do conhecimento de seus alunos.
Nos exemplos anteriores, a mensagem passada ultrapassa os limites de sua forma: sua total compreensão depende de interpretação de texto. A porção da mensagem que não se manifestou no texto, mas que pode ser dele depreendida são os chamados implícitos, que são o objeto de estudo deste capítulo.
1 – SENTIDO E EFEITO DE SENTIDO
O estudo dos implícitos é um estudo essencialmente semântico, ou seja, esse estudo busca o significado do texto, que se divide em sua porção explícita, que será rapidamente abordada, e sua porção implícita. A cada parte do significado de um texto se atribui uma denominação, que serão a aqui estudadas.
A parte explícita do significado de um texto é chamada de sentido desse texto enquanto o significado implícito do texto é seu efeito de sentido. Em termos do dia-a-dia, o sentido da frase é aquilo que o enunciador disse, enquanto o efeito de sentido é aquilo que ele “quis dizer”.
As classificações de mudanças de significado de um período são excludentes, ou seja, só se pode dizer que houve