Ouro de tolo
William Cezar Jr.*
O filme “Ovas de Ouro” de Anahí Sucarrat e Manuel González Llanos apresentado e premiado com troféu Cora Coralina no VIII FICA (Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental), corajosamente denuncia as agressões sócio ambientais causadas pela indústria do Salmão, de propriedade de empresários noruegueses em conluio com os dirigentes políticos chilenos.
O filme inicia mostrando a beleza da costa do Chile de frente para o Pacífico com suas enseadas e reentrâncias geográficas naturais propícias ao desenvolvimento da diversidade de espécies e riqueza da fauna marinha costeira. Cientes dessa riqueza ambiental e da inexistência de leis de proteção ambiental do país, empresários noruegueses, mediante promessas aos políticos e nativos, de progresso social, implantaram sua indústria de produção de Salmão em cativeiro, atividade esta altamente impactante ao meio ambiente.
O primeiro segmento atingido é a população nativa que até então vivia da pesca artesanal e mantinha a cultura e costumes com sua rotina de vida, folclore e interações sociais. Com a promessa de bons dividendos financeiros, muitos pescadores artesanais trocaram seu modus viventi por um emprego na indústria que se implanta em sua comunidade. Cedo percebem que se tornaram escravos de uma indústria cujo interesse é exclusivamente o faturamento a qualquer preço, social ou ambiental. A reação de insipientes organizações de trabalhadores não restou frutífera, pois seus representantes sindicais não têm peso político no Chile. Não há amparo legal para a proteção de trabalhadores nem do ambiente. Essa fragilidade na legislação é o que estimula empresários gananciosos escolherem o Chile para explorar seus recursos. Os poucos trabalhadores da pesca nativa que não sucumbem ao canto da sereia, ou são rejeitados para o trabalho na indústria por critérios escusos, e mantém-se em
suas atividades originais de pescadores artesanais, são confinados pelo governo