Otaku no brasil
5.1 Sistemas classificatórios e elementos distintivos
Na estrutura organizacional dos animencontros brasileiros, nota-se a presença de certa forma de hierarquização com relação aos cosplays e à
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composição do júri em concursos.
Figura 38 - Jurados de cosplays no Matsuri 2007 em Curitiba (PR) e no WCS 2008 em São Paulo (SP)
Entre os jurados, encontram-se alguns cosplayers que ficaram mais conhecidos no meio pela escolha de seus cosplays ou pelo número de premiações recebidas. Fazem parte também dos júris pessoas reconhecidas neste círculo como conhecedores do assunto, tais como escritores, jornalistas da imprensa escrita e online, dubladores de personagens de animês, pesquisadores e organizadores de eventos. Em geral, o júri é soberano na definição dos premiados, mas em alguns animencontros a platéia influenciou o resultado do julgamento, obrigando os organizadores a criarem categorias “especiais” para premiar os preferidos do público otaku presente. Apesar disto, alguns cosplayers acreditam que o público
97 não está apto para julgar, pois segundo eles: “falta conhecimento prévio para votações”. Durante o evento SANA 2007, em Fortaleza (CE), foi presenciada uma situação de evidente hierarquização: entre os espectadores apreensivos que aguardavam o início das apresentações de cosplay (que estavam atrasadas), surgiram alguns cosplayers pedindo licença dizendo: “Abram passagem que os cosplays vão passar.” Os presentes imediatamente foram abrindo caminho, criando um corredor para que eles pudessem passar. Pode-se dizer que dentro da estrutura dos animencontros, os cosplays possuem o mais alto posto que pode ser ocupado. Supõe-se, nesse meio, que qualquer otaku pode aprender a exercer qualquer uma das atividades comuns a esses eventos, mas que nem todos podem exercer, com a mesma competência, a atividade de cosplay, pois isso exige produção prévia, pesquisa, identificação com o