OS SEROES
A burguesia, na segunda metade do seculo XIX, é atingida por algumas transformações e alterações no que diz respeito à sua mentalidade. Deste modo, adquirem-se novos hábitos que ilustram perfeitamente este desenvolvimento, hábitos esses que Eça de Queirós faz questão de demonstrar nas suas obras, e mais precisamente n’Os Maias.
Os serões são, portanto, um bom exemplo desta transformação, contudo, não são uma novidade introduzida nesta época, apesar de ganharem uma importância considerável. Mas afinal o que são seroes?
Estes seroes são reuniões onde se podem presenciar atividades de lazer e são uma ocasião onde se travam conhecimentos, gostos, dotes e muitas outras coisas.
N’Os Maias, mais precisamente, os seroes são passados no Ramalhete a jogar bilhar, xadrez, às cartas - whist, que é um jogo que se assemelha à bisca, dominó, fumando charutos que muitas vezes se apresentam como a “consolação de derrotas”, bebendo água casada, punch e chá, tocando piano, fazendo apostas e negócios pequenos, discutindo literatura e questões políticas, criticando outros homens e mulheres por suas atitudes e opiniões.
. “Os senhores são muito viciosos, vou ver a gente do bilhar, disse Carlos. Deixei o Steinbroken engalfinhado com o marquês, a perder já quatro mil réis. Querem o punch aqui? … Era uma negociação que havia semanas se arrastava entre eles, a respeito duma parelha de éguas… “
. No Ramalhete, depois do almoço (…) Afonso da Maia e Craft jogavam uma partida de xadrez ao pé da chaminé já sem lume …”
. “No escritório de Afonso da Maia ainda durava, apesar de ser tarde, a partida de whist.