"Os outros somos nós"
Dayane Slima
Oficina de Dramaturgia - Professor Daniel Caetano
Cópia Livre. 2013
Produção Cultural - UFF Rio das Ostras
Matrícula 112.062.006
EXT. DIA / SUBÚRBIO DE SAO PAULO
Está amanhecendo. Uma fila de trabalhadores está formada junto ao muro de um predio em um subúrbio da cidade. Há operários, velhos, moços, senhoras. Dentre eles, uma mulher de branco. É enfermeira e está voltando pra casa após um longo expediente de 24 horas. A cidade amanhece como sempre: carros e coletivos em grande fluxo, os pequenos comércios começam a abrir... a fila segue silenciosa. Há espera.
Quando o ônibus chega as pessoas começam a entrar. A mulher de branco entrega seu bilhete e passa a catraca. Dá bom dia ao cobrador. Senta-se à janela, algumas poltronas pra trás.
INT. DIA / DENTRO DO ÔNIBUS
Uma outra mulher, mais velha, senta-se ao lado de Maria, a enfermeira. PASSAGEIRA
Licença, viu ?
Ela consente com o olhar. A outra mulher ajeita um carrinho de feira que carrega.
PASSAGEIRA
Vai até o ponto final?
MARIA
Vou descer um antes.
PASSAGEIRA
Ah. Bom. Até lá o ônibus está mais vazio. É que eu fico com esse trambolhão no caminho. Tem gente que não gosta né? Mas também, dá o sinal quando o motorista já tá encostando no ponto e quer sair correndo, aí não dá! Sai atropelando todo mundo. Cansei de ver. Maria sorri cordialmente. O ônibus parte. Um breve silêncio.
PASSAGEIRA
Tá voltando do batente ou indo pro batente? MARIA
Voltando. Quer dizer, largando um pra pegar outro. Tenho uma pilha de roupa pra passar lá em casa!
(CONTINUED)
CONTINUED:
2.
PASSAGEIRA
Hunf. Serviço doméstico nunca acaba! É uma coisa aqui que você resolve e outras 50 se criam ali.
A mulher mais velha fala mais que Maria, que, cansada, apenas acena com o rosto, com os olhos.
PASSAGEIRA
Agora eu botei uma moça pra passar minhas roupas. Uma empregada. É.
Emprega não, que a moça é sobrinha do cumpadre nosso, né. Mas nova,