Os novos paradigmas na Educação Médica
Prof.Dr. Raymundo Soares de Azevedo Neto
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo razevedo@usp.br Preâmbulo
Uma preocupação permanente da sociedade, desde os primórdios da História da
Humanidade, tem sido a habilitação de pessoas capazes de desempenhar funções na comunidade, de modo a permitir a manutenção e o progresso de um grupo ou de toda a população.
Assim, desde os agrupamentos mais primitivos e diminutos até as sofisticadas estruturas urbanas das megalópolis contemporâneas, há uma percepção da necessidade de formar indivíduos que dominem artes e técnicas diferentes para atender as demandas sociais.
A tradição oral, tanto as culturais quanto as tecnológicas, tem sido substituídas há milênios pela institucionalização do conhecimento, inicialmente com a concentração da intelectualidade e dos recursos formativos nos templos e organizações religiosas, ligadas ou não ao poder dos governantes, culminando com o surgimento de escolas em todos os níveis educacionais.
A evolução pedagógica em medicina passou pelas mesmas fases históricas da educação de outras profissões, tendo experimentado desde a transmissão de conhecimentos da habilidade de curar de um xamã ou pagé ancião para o jovem aprendiz, eleito por seus talentos ou pela preferência dos indivíduos influentes da tribo, passando pelas primeiras tentativas de sistematização iniciadas por Hipócrates na Antiguidade, seguidas por Galeno e Avicena em diferentes momentos da Idade
Média sob a influência hipocrática e helênica, usadas portanto por mais de quinze séculos, até o aparecimento de faculdades de medicina e enfim das universidades durante a época do
Renascimento.
Deve-se notar que em Portugal, país que colonizou e dominou a maior parte do território brasileiro entre os séculos XVI e XIX, a primeira cátedra médica foi a da Universidade de Lisboa, autorizada a iniciar suas funções a partir de 1288, sendo transferida para Coimbra em 1306 e permanecido como única