Os “novos” adoecimentos e o papel da medicina do trabalho
AIRTON MARINHO DA SILVA
Os “Novos” Adoecimentos e o Papel da Medicina do Trabalho
Airton Marinho da Silva*
Os médicos do trabalho devem estar preparados para o reconhecimento das relações Trabalho-SaúdeDoença, de modo a contribuírem para que o trabalho não determine ou contribua para o adoecimento dos trabalhadores. Os processos atuais de reestruturação produtiva alteraram o exercício da Medicina do Trabalho, a partir de mudanças rápidas e radicais no “mundo do trabalho”. As inovações tecnológicas e novas formas de organizar e gerenciar o trabalho repercutem, de forma importante e decisiva, sobre as condições de vida e sobre a saúde dos trabalhadores, exigindo dos médicos do trabalho, nos campos técnico e ético, uma preparação e empenhos especiais. O ambiente empresarial contemporâneo obedece à lógica da redução dos custos. Utilizam-se novas tecnologias de produção e de informatização (redutoras da força de trabalho), novas formas de organização (“reengenharia”) e novas estratégias de gestão da força de trabalho, cultivando-se a competitividade e produtividade a qualquer custo. O custo dessas mudanças, em sua quase totalidade, recai sobre os trabalhadores. Ele é expresso no desemprego; na terceirização radical; na intensificação do trabalho; nas perdas salariais, de direitos coletivos e da saúde, sob constantes ameaças de perda do emprego. A eficiência no mundo da globalização é medida pela capacidade de reduzir postos de trabalho e de produzir mais com menor contingente de pessoal. As condições de vida da classe que vive do trabalho estão precarizadas. Reduzem-se direitos previdenciários e investimentos em políticas públicas de saúde ao trabalhador, tramam-se “flexibilizações” da legislação trabalhista, com reflexos, inclusive, nas condições de trabalho e na remuneração dos profissionais voltados para o atendimento desses problemas. Nos locais de trabalho, os trabalhadores vêm assumindo novas responsabilidades, geradoras de grande carga psíquica.