Os movimentos religiosos
Julio Fontana
A sociedade brasileira continua majoritariamente cristã apesar da imensa variedade de novas religiões trazidas pelos novos movimentos religiosos (NMR). Ou seja, é significativamente pequeno o número de pessoas que seguem essas novas religiões. Então por que estudar os NMRs? Primeiro em razão da grande visibilidade que alcançaram na composição religiosa de nossa sociedade. Depois pelo fato de que dificilmente uma religião surge do nada, de uma revelação nova ou da mente de um líder criativo que traz uma novidade jamais vista antes. Praticamente todas surgem a partir daquelas já existentes, como uma ruptura ou oposição praticada por pessoas que acreditam que sua religião não é mais verdadeira, se corrompeu ou fugiu dos princípios e não é mais fiel à revelação original. A partir daí, funda-se uma nova corrente que traz um novo caminho. Por fim, pelo motivo de que todas as religiões estão enraizadas em uma dada sociedade e são expressões das visões de mundo e da maneira de viver de grupos sociais concretos. Destarte, ao investigarmos os NMRs estaremos buscando compreender a nós mesmos: social, cultural e espiritualmente. O que são os NMRs? Não há uma resposta certa sobre o que é ou não um NMR. Assumindo uma postura pragmática, define-se um NMR como novo se este movimento se tornou visível a partir da Segunda Guerra Mundial, e como religioso se oferece não apenas um estamento teológico sobre a existência e sobre as coisas sobrenaturais, mas se propõe a responder, no mínimo, a algumas questões últimas que tradicionalmente têm sido endereçadas às grandes religiões. A dificuldade de definição começa pela própria diversidade entre os NMRs. Não há uniformidade em nível de organização e coesão internas. Tudo depende do que consideramos um novo movimento religioso. Caso típico é a Nova Era. Será ela um NMR? Segundo Guerriero, ela “não pode ser classificada como um movimento, pois não há uma organização formal, é