Os militares e a república brasileira

OS MILITARES E A REPÚBLICA BRASILEIRA
Há na historiografia brasileira alguns autores que tenderam a considerar as forças armadas como simples representantes de classes sociais. José Murilo de Carvalho discorda dessa posição e, aplicando conceitos sociológicos, considera que as organizações possuem características particulares, não se resumindo a serem meras reprodutoras ideológicas. Para Carvalho, tais características das organizações se acentuam muito mais quando se tratam de instituições militares, que chama de instituições totais, pois compreendem a totalidade dos aspectos da vida dos seus membros. Tais instituições exigiriam de seus adeptos uma transformação de personalidade, no sentido de se conformarem ao caráter da corporação. Por esse motivo, Carvalho acredita que a análise dessas instituições deve levar em consideração, antes de tudo, sua organização interna. É por este prisma que este autor analisa o papel político das forças armadas e suas transformações no decorrer deste período até chegar ao papel destacado que ocupou durante o Estado Novo.
Este período caracterizou-se, segundo Carvalho, pela intensa busca por parte do Exército Brasileiro, em tornar-se de fato uma organização capaz de planejar e executar a defesa nacional. Para isso, foi necessária a mudança na forma do recrutamento, com o fim do recrutamento forçado e a introdução do alistamento obrigatório e do sorteio do recrutamento, seguido do fim da Guarda nacional. Dessa maneira, a força armada passou a configurar um dispositivo do governo central e não das oligarquias regionais. Em grande medida, estas passaram a obter sustentação nas polícias militares.
Outro fator que corroborou, de acordo com Carvalho, para que o exército pudesse exercer uma influência efetiva na política nacional foi o fim dos movimentos isolados de intervenção. Estes, em regra geral, não eram coesos entre a hierarquia militar e, por isso, colaboravam para a desestabilização da mesma, lançando setores militares uns