Os limites entre o conto e a crônica
Muita tinta já foi despejada na tentativa de estabelecer critérios seguros para distinguir o conto da crônica. Fatores como tamanho da narrativa, foco narrativo ou se a história é real ou fictícia são insuficientes para diferenciar os dois gêneros. Ambos confundem-se ao mesmo tempo em que seguem caminhos distintos. Neste estudo levantaremos as semelhanças e diferenças entre os gêneros, a fim de que, ao final, possamos distingui-los com segurança. Para tanto, é, antes, preciso conceituar o conto e a crônica.
O CONTO
A tentativa de definir o conto é tão antiga quanto o próprio gênero. Ao falar do conto estamos falando da mais antiga expressão da literatura. O conto existe desde os primórdios da história humana, a princípio, narrado de forma oral, primitiva, utilizada até hoje pelos nossos índios, que narram histórias de bichos, mitos e lendas, por exemplo. Os mais antigos registros desse gênero são os contos egípcios que datam de 4000 antes de Cristo. Percorrer a evolução do conto é percorrer a nossa própria história e a história da nossa cultura. Características desse gênero são encontradas em passagens como a de Caim e Abel, os textos clássicos greco-latinos e os contos do Oriente, por exemplo. Outro vestígio da presença desse gênero no decorrer da historia é o fato de que os gregos cultivavam-no desde o início de sua civilização, sendo Partênio de Nicéia o primeiro a compilá-los. Num livro chamado As aventuras do amor, Partênio reuniu trinta e seis histórias dadas como realmente acontecidas. Os primeiros contistas limitavam-se, em geral, a reduzir contos orais à forma escrita, que mais tarde seriam reescritos, embelezados e ampliados, seguindo a máxima: quem conta um conto, aumenta um ponto. Contar, do latim computare. Subentende-se que o acontecimento seja trazido outra vez a tona por alguém que faz um relato ( re –