Os indígenas mesoamericanos e as suas concepções de mundo
Introdução Neste artigo pressuponho explicitar uma apresentação dos conceitos de tempo partindo das obras de Eduardo Natalino dos Santos. Articularei um dialogo entre as suas obras com as narrativas do livro Popol Vuh.
A construção e o uso social destas narrativas explicam que a ordem do mundo atual com base em eventos passados não é uma exclusividade das sociedades ocidentais ou mediterrâneas, nem, tampouco, das chamadas altas culturas. Praticamente todas as sociedades constroem e mantêm relatos socialmente aceitos que vinculam a identidades grupais, as transformações históricas aos acontecimentos naturais.
Cada sociedade ou região cultural emprega suas próprias concepções para definir, selecionar e construir os episódios e personagens que compõem seus relatos explicativos. Todos os elementos que compõem essas narrativas relacionam-se estreita e coerentemente entre si e, em conjunto, embasam-se em concepções mais amplas e socialmente muito operantes, tais como as concepções de tempo e espaço, mas também nas que podemos denominar como transformações, permanência, origem, destino, fato, verdade e outras tantas. Todas essas concepções fazem parte de um todo mais ou menos coerente e não monolítico que podemos chamar de visão de mundo.
Segundo Eduardo Natalino dos Santos, o conceito visão de mundo pode ser definido como um conjunto articulado de sistemas ideológicos relacionados entre si e em forma relativamente congruente, com que um indivíduo de um grupo social, em um momento histórico pretende aprender.
Não se trata apenas de uma abstração, mas de uma criação coletiva que permeia e, muitas vezes fundamenta distintos sistemas e instituições sociais, bem como as explicações sobre a origem e funcionamento do mundo. Entretanto, isso não quer dizer que todos os membros ou grupos de uma determinada sociedade tenham consciência dessa