Os fundamentos históricos e teórico metodológico do serviço social brasileiro na contemporaneidade
Sabe-se que, conforme Yasbek (2000), no início dos anos 80, após o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, a profissão iniciou uma interlocução com a teoria social de Karl Marx, buscando uma ruptura com o conservadorismo. O debate centralizado na “pessoa humana” deslocava-se agora para a discussão do “ser social”.
Marx (LUKÁCS, 1997), em sua fundamentação sobre o ser social, afirmava que todo ser existente fazia parte de um complexo concreto. O ser em seu conjunto seria entendido como um processo histórico. A consciência humana seria o produto do desenvolvimento do ser material. Daí o fundamento da “prioridade ontológica do ser sobre a consciência” defendida por Lukács (1997), baseando-se na premissa marxista de que “não é a consciência dos homens que determina o seu ser social; é o ser social que, inversamente, determina sua consciência” (MARX, 1983, p.24). O indivíduo estaria subordinado e determinado pelas leis históricas vigentes, e, no período contemporâneo, pelas do modo capitalista de produção.
Seguindo o mesmo argumento, pode-se afirmar que o movimento histórico no qual se situa o homem e as determinações sociais é dialético, conforme explica Marx (1978, p.9) : “O caráter social é, pois, o caráter geral de todo o movimento: assim como é a própria sociedade que produz o homem enquanto homem, assim também ela é produzida por ele.” Lukác (1997) afirma que para Marx o ser social distancia-se daquele homem simplesmente orgânico, através do trabalho, ou seja, o indivíduo se faz homem a partir do trabalho, no qual é possível transportar as representações de sua consciência para produtos reais, revelando assim sua capacidade criadora. Entretanto, todo trabalho na sociedade capitalista tem uma finalidade social ditada pelas leis gerais do capital e, por mais que o homem execute seu trabalho