Os demônios na bíblia - Uma análise da atividade demoníaca no Novo Testamento
Análise da atividade demoníaca no Novo Testamento
Daniel Judson da Silva
Resumo
Um fenômeno tem tomado lugar de destaque nas igrejas cristãs – principalmente nas congregações de confissão neopentecostal – trata-se das famosas possessões demoníacas. São inúmeros os casos de pessoas que são “libertas do demônio” em impressionantes sessões de descarrego.
No entanto, podemos levantar alguns questionamentos: Até que ponto são válidas tais práticas? Qual é o campo de atuação dos demônios? Como nos atingem? Como evitálos? Afinal, quem ou o que são os demônios?
A proposta deste pequeno estudo é tentar responder estas e outras questões, buscando lançar luz sobre este tema tão controverso, apresentando uma interpretação que busque considerar o contexto cultural, religioso e porque não científico da Palestina dos primeiros séculos e de todo o antigo oriente médio, perpassando os tempos até a sua explicação em termos contemporâneos.
O que não são os demônios
Antes de propormos uma definição do que são os demônios, precisamos primeiro explicar o que eles não são.
O(s) demônio(s) não é o diabo.
É muito comum as pessoas associarem a figura do demônio à figura do diabo.
Entretanto, no contexto bíblico, esta associação não existe, ambos são conceitos diferentes e distintos. O diabo é o inimigo cósmico de Deus, enquanto o(s) demônio(s) seriam seus súditos. Em nenhuma parte das escrituras o vocábulo Diabo (διαβολος, no grego) é substituído por demônio (δαιμον/δαιμονιον, no grego). Por isso, é incorreto tratarmos ambos os termos como sinônimos.
Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo. Cursando o 3° período.
Os demônios não são os anjos caídos.
Esta é uma afirmação mais ousada, e vai de encontro com o que é normalmente entendido sobre os demônios na tradição cristã. Tradicionalmente, a figura dos demônios é relacionada com os anjos caídos que teriam sido expulsos do céu