Os Códices Mexicas
Por Eduardo Natalino dos Santos
“Alguns estudiosos ainda afirmam que escrita é apenas escrita fonética e os registros visuais que não codificam os sons são apenas formas primitivas ou proto-escrituras. Segundo tais estudiosos, os povos que desenvolveram sistemas pictoglíficos, considerados por eles como estágios anteriores no desenvolvimento de uma “verdadeira escrita”, pararam no meio do caminho, pois chegaram, no máximo, no patamar da escrita glífica. Esses estudiosos tendem a analisar o desenvolvimento e o uso dos sistemas de escrita como um processo universal, evolutivo e auto-referenciado, isto é, separado das demandas e das prioridades que cada época e cultura atribuíam ou requeriam de seus sistemas de registro do pensamento ou da fala”. (p. 242)
No trecho, como o autor mesmo pontua, os especialistas tomam as pesquisas dominados pelo olhar ocidental e por todas as referências adquiridas no meio. De imediato não ganham atenção, são consideradas primitivas diante de linguagens elaboradas e bem estabelecidas dos países colonizadores. Impregnados pelo olhar renascentista não conseguem enxergar as diferenças entre os povos mesoamericanos e aos do mundo da arte ocidental, já que suas civilizações desenvolveram sua cultura indiferentes ao que ocorria em outras partes do mundo. Não analisavam a unicidade não contaminada daquela cultura que nasceu e se desenvolveu sozinha, sem interferências de tendências e estéticas exteriores. Estabeleceram sua arte e escrita de acordo com as necessidades de seu próprio meio. Entretanto foram interpretados como um povo que não pode desenvolver bem nem sua escrita e nem sua pintura, devido a contínua abstração e afastamento do ideal de belo difundida pela renascença. No texto o autor ressalta esse fato, dos povos mesoamericanos não se importarem com a “reprodução realística” do mundo. E logo após ele questiona:
“No entanto, seriam essas as prioridades