mexico
Conquista do México ou queda de México-Tenochtitlan?
Guerras e alianças entre castelhanos e altepeme mesoamericanos na primeira metade do século XVI
Eduardo Natalino dos Santos
Introdução
Comecemos com um par de citações de uma obra historiográfica recente:
“Foi preciso esperar pela terceira expedição [a chefiada por Hernán Cortés] para que começasse, enfim, a conquista do México.” “Durante a ausência de Cortés, seu tenente, Alvarado, que ficara em México, foi tomado pelo medo e massacrou preventivamente uma parte da nobreza mexica (23 de maio de 1520).”1
Essas duas afirmações referem-se a importantes episódios da história da
América em princípios do século XVI: as incursões do grupo chefiado por Hernán
Cortés em territórios que futuramente fariam parte da Nova Espanha e as lutas entre mexicas e tropas aliadas, sobretudo castelhanos e tlaxcaltecas, que se iniciaram em 1519 e terminaram em 1521. Afirmações desse tipo podem ser encontradas em uma série de livros didáticos e manuais de história da América e fazem parte da descrição do processo que comumente é conhecido como a
“Conquista do México”. Ou seria a “Conquista de México”? Seriam essas expressões equivalentes?
Apesar de serem utilizadas como equivalentes em muitos livros e manuais, seus sentidos são – ou deveriam ser – historiograficamente muito distintos. Isso porque, em português, a presença ou ausência do artigo definido “o” antes do nome México deveria servir para distinguir o lento processo de conquista do território que hoje corresponde ao país, México, da conquista da mais importante cidade asteca, México-Tenochtitlan, líder de uma tríplice aliança que controlava
1
A expressão entre colchetes e os sublinhados foram inseridos por mim. BERNAND, Carmen &
GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo. Da descoberta à conquista uma experiência européia (1492–1550). tradução Cristina Muracho, São Paulo: Edusp, 1997. pp. 313 e 351.
2 política e tributariamente grande