Os Calendários Culturais como Lugares de memória.
O conceito lugares de memória foi criado pelo francês Pierre Nora. Para ele os países e os grupos sociais suportaram uma grande mudança na relação que alimentavam com o passado e o tempo. Ele acredita que o respeito pelo passado, seja ele legítimo ou não, e o sentimento de fazer parte de um determinado grupo são questões significativas da cultura atual, da cultura contemporânea. Esses lugares de memória são espaços onde se reúnem “coleções humanas”, ou seja, todos os costumes, rituais e a própria cultura de um determinado povo ou civilização ao longo do tempo, são, na verdade, os restos do passado. Os lugares de memória são lugares onde a memória social surge e pode ser apreendida pelos sentidos, são lugares funcionais porque dão base as memórias coletivas e são lugares simbólicos onde essa memória coletiva se expressa. Logo são lugares que necessitam de memória. Segundo Pierre Nora “os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso manter aniversários (...) porque essas operações não são naturais.”. Os lugares de memória são ambientes que irão “descrever” uma lembrança que não mais residimos, que não mais vivemos. Os Calendários Culturais, criados pelo CFC a partir da década de 1960, são considerados nesta pesquisa como Lugares de memória por anunciarem as manifestações culturais eleitas pelo CFC como representativas de nacionalidade. Para que estas manifestações sejam incluídas nos Calendários Culturais é necessário que estas estejam inseridas no contexto histórico, social, cultural e político daquela sociedade. Dessa forma, selecionam efemérides políticas e culturais capazes de forjar uma história-pátria otimista e vitoriosa. Para analisar as datas comemorativas presentes no Calendário, optei por dividir em cinco grupos: 1)Literatos/professor/jornalista/música; 2)Personalidades políticas; 3)