Os blocos econômicos e o emprego: o caso das maquiladoras
Ao analisar os efeitos de um bloco econômico, os especialistas geralmente apontam como conseqüência positiva o aumento das exportações e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos países envolvidos. Quando o tema do emprego entra em discussão, os defensores dos blocos econômicos argumentam que eles intensificam o comércio internacional dos países e, conseqüentemente, aumentam a oferta de emprego, apontando como exemplo os Estados Unidos, o Japão e os Tigres Asiáticos que comercializam muito e têm as menores taxas de desemprego do mundo. Em meio aos debates sobre a possível entrada do Brasil em um bloco econômico das Américas liderado pelos Estados Unidos, sociólogos e economistas avaliam os efeitos do Nafta para os trabalhadores, destacando o papel das empresas mexicanas conhecidas como maquiladoras.
"Um dos aspectos pouco explorados nos estudos dos blocos econômicos tem sido o impacto da formação de um bloco comercial sobre o mercado de trabalho", afirma o economista Celso Pudwell, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Segundo ele, no caso do Nafta (North American Free Trade Agreement, ou Acordo de Livre Comércio Norte-Americano), em vigor desde 1994, houve uma deterioração das condições de trabalho nos três países envolvidos - Estados Unidos, Canadá e México. Neste último, de acordo com o economista, os postos de trabalho com maiores salários e benefícios sociais diminuíram, enquanto aumentou o número de empregos com menor estabilidade e benefícios sociais.
"O aumento do número de empregos de baixos salários é positivo, pois representa a inserção da população de baixa renda no mercado de trabalho", opina o pesquisador Armando Castelar Pinheiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que não considera que o Nafta tenha sido desfavorável para os países envolvidos. Segundo ele, também é preciso analisar o efeito de um bloco econômico para os trabalhadores