Origem e características do saber anatomopatológico em medicina
DO SABER ANATOMOPATOLÓGICO
EM MEDICINA
Luiz Antônio Teixeira
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é fazer uma pequena análise das transformações ocorridas nos saberes e práticas médicas durante a segunda metade do século XVIII e inicio do XIX. Devido a originalidade da metodologia empregada na bibliografia sugerida, optei por dividir o trabalho em duas partes. Na primeira tentarei situar algumas questões de fundo metodológico, esforçando-me para explicitar como elas se estruturam no trabalho de Focault. Na segunda parte a narrativa se derreterá no processo de nascimento da medicina moderna e como a anatomia patológica nele se insere.
FOCAULT E ARQUEOLOGIA DO OLHAR
O nascimento da medicina moderna é analisado por Michel Focault a partir de uma história arqueológica. Esta recupera a questão de descontinuidade desenvolvida por Bachelard e retomada posteriormente por Canguilhem. A obra de Bachelard, ao romper com a idéia de acumulação indefinida de conhecimentos atribui à noção de descontinuidade um papel fundamental que possibilita a Focault elaborar uma história que ao mesmo tempo em que engloba zonas do saber consideradas não científicas ou pré-científicas, analisa as condições históricas que possibilitam o desenvolvimento e as transformações ocorridas no conhecimento médico. No que concerne ao objeto de análise, a história arqueológica investiga as condições de existência dos saberes e suas formações discursivas. “Se trata de estudar as normas que historicamente determinam os discursos, ainda que seja um discurso que não se considera como um documento conservado e sim como um monumento. Neste sentido a arqueologia pretende definir, nos pensamentos, as representações, as imagens, os temas, as obsessões que se ocultam ou se manifestam nesses discursos” (Arouca e Marquez, 1978, p.4). No livro O nascimento da clínica, trata-se da arqueologia do olhar, onde a