Oriente Médio
Do Xá ao Aíatolá: os 30 anos da Revolução Iraniana
A República Islâmica do Irã apresenta uma trajetória complexa, na qual a Revolução Iraniana, de fevereiro de 1979, surge como ponto de inflexão. Modernidade e tradição, ocidentalização e religião, foram alguns dos elementos contraditórios que levaram à insurgência
Dona da terceira maior reserva de petróleo do mundo, a República Islâmica do Irã é hoje a quinta maior exportadora mundial: são mais de 2,5 milhões de barris por dia. Mas apesar desse recurso valiosíssimo, o Irã permanece como um país subdesenvolvido. Assim como outras nações ricas em petróleo, o bem que gera fortuna também produz vulnerabilidade e funciona como elemento de dependência e cisão.
A descoberta de petróleo na região, em 1903, motivou a exploração britânica no território iraniano. A dominação estrangeira somada à posição estratégica do Irã no Oriente Médio, a pobreza da população e os dogmas do Islamismo resultaram na revolução de 1979, que transformou o país em uma república teocrática islâmica. Por isso, para entender como se deu a insurreição, é preciso entender o contexto histórico e político do Irã desde os primeiros anos do século XX.
A EXPLORAÇÃO ESTRANGEIRA E A DINASTIA PAHLAVI
A partir de 1903, o Irã passou a ter com a Grã- Bretanha uma relação semicolonial. A potência européia controlava a exploração do petróleo por meio da Companhia de Petróleo Anglo-Persa (APOC). Em 1907, a Pérsia (como era chamada a região onde atualmente fica o Irã) foi dividida em zonas de influência entre a Grã-Bretanha e a Rússia. Mas os russos perderam o controle da área devido à Revolução Socialista de 1917 - posteriormente, já como União Soviética, o domínio reforçou-se no Cáucaso e Ásia Central. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi a vez de os EUA projetarem sua influência política e econômica sobre o Irã.
Encaradas como fonte de subordinação, falta de autonomia e corrupção, as relações entre o Irã e o ocidente