Organização de trabalho cientifico
José Barreto
A organização do trabalho, o socialismo científico e o socialismo utópico
A POSIÇÃO DOS FUNDADORES DO SOCIALISMO «CIENTÍFICO»
SOBRE ALGUMAS QUESTÕES BÁSICAS DA ORGANIZAÇÃO
DO TRABALHO
1. ENGELS, OS ANARQUISTAS E A QUESTÃO DA «AUTORIDADE» NA
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
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Se a corrente socialista fundada por Marx e Engels reclamou desde o início a qualidade de científica, fê-lo em grande parte com o objectivo de se demarcar dos anteriores socialismos, que qualificou de «eclécticos»,
«primitivos», «utópicos», «medíocres», «burgueses» e até mesmo «reaccionários», O socialismo marxista propunha-se ultrapassar todos estes socialismos por uma ascensão histórica e definitiva às alturas da ciência. Essa demarcação em relação ao socialismo «primitivo», apresentada sempre como uma ultrapassagem, é tão indispensável para a definição do socialismo
«científico» como a negação sistematizada do capitalismo e sua ideologia.
Empenhados num «combate sem tréguas» ao regime e ideologia capitalistas, os socialistas «científicos» nem por isso deixariam jamais de se exercitar na demarcação em relação aos «falsos socialismos». Este duplo combate, encarado também como permanente autopurificação, acabaria, no entanto, por revelar duas faces laterais do socialismo científico, duas linguagens-chave, dois tipos de abordagem, consoante a localização político-ideológica dos adversários — «burgueses» ou «falsos socialistas». Porque as armas próprias pareciam escassear para este fogo duplo, os socialistas científicos ter-se-ão visto frequentemente na emergência de utilizar o arsenal de uns adversários contra os outros. Isto conduziu-os, entre muitas outras coisas, à demonstração involuntária de que, em vastas zonas, o «reino da burguesia» confinava directamente com o «reino da utopia», fechando a saída para a
«ciência». É o que se passa no caso do artigo de Engels «Da autoridade», que em seguida será