ONTOGÊNESE E FILOGÊNESE EM FREUD
(Ontogenesis and Phylogenesis in Freud)
Eduardo de Carvalho Martins1
Resumo:
O presente artigo procura discutir a relação intensa que Freud estabeleceu com as disciplinas biológicas vigentes, evidenciando como o autor utilizou as investigações etiológicas das neuroses em direção a uma superação da dicotomia existente entre explicações ontogenéticas e filogenéticas. O trabalho pretende mostrar que as explicações freudianas se pautaram pela constante oscilação na adoção de explicações psicológicas e biológicas, contribuindo para a emergência de panoramas interpretativos muitas vezes antagônicos em torno de sua obra. A obra madura de Freud, por fim, caminhou em direção a uma recusa das explicações puramente ontogenéticas ou filogenéticas na patogênese dos fenômenos neuróticos.
Tal oposição se tornou cada vez mais alheia ao projeto explanatório freudiano de explicação etiológica dos fenômenos histéricos, uma vez que o autor procurou utilizar, por meio dos conceitos de equação etiológica e, posteriormente, de séries complementares, uma abordagem explanatória de sobredeterminação. Tal panorama explanatório, por sua vez, é convergente com uma série de estudos contemporâneos que relacionam aspectos genéticos, fatores ambientais infantis e contingências ambientais da vida adulta na ocorrência de quadros neuróticos.
Palavras-chave: Freud, Biologia, Filosofia da Psicanálise.
Abstract:
Keywords:
The present study aims to discuss the intense relationship that Freud had with biological sciences at his times, describing how the author used researches in the field of neurosis’ etiology in a way that aimed to overcome the existent dichotomy between ontogenetic and phylogenic explanations.
This study aims also to show that Freudian explanations were characterized by the constant oscillation in the adoption of psychological and biological arguments, that contributed to create interpretative notions that were,