Ontem por cima, hoje por baixo (Narrativa)
Alana era uma ótima jovem, mas havia um problema: sua timidez. Embora suas amigas a influenciassem para falar com rapazes, não conseguia. Muitas vezes chegou até eles, mas na hora era tomada pelo nervosismo e as palavras ficavam cerradas em sua boca.
Um dia, quando Alana e sua amiga, Kátia, estavam na fila do cinema, ela viu Henrique e ficou cativada por ele. Era alto e robusto, possuía belos cabelos enrolados como fios espiralados e olhos verdes como grama recém tocada pelo orvalho. Como era saboroso! É claro que Kátia percebeu seu interesse e a incentivou a falar com ele.
- Não, está louca? Você sabe que isso nunca dá certo. – respondi nervosamente.
- Mas veja como ele é lindo. Se você não for, eu vou e o pego para mim.
Com isso, Alana se aproximou dele, tendo em mente que desta vez não falharia, já estava farta de tantos fracassos. Pobrezinha, mal sabia o que a esperava.
- O-o-o... – ela começara a gaguejar. Me-meu nome é A-a-lana e...
- Minha querida, até que não possui tanta feiúra, mas ainda não se compara com minha beleza. Mesmo que assim fosse, teria que antes aprender a falar para vir até mim.
O cinema todo viu a cena e começaram a rir. Alana saiu correndo, aos prantos, mal conseguindo andar direito. Ficou tão baqueada, que mudou de cidade.
Henrique era de longe o homem mais bonito da cidade, mas era também o mais vaidoso e egoísta. Como no mito de Narciso, milhares de mulheres se apaixonavam por ele, mas as rejeitava, julgando-as não serem suficiente para ele.
Seu passatempo era tirar fotos de si mesmo. Anos mais tarde, tirou uma que achou deslumbrante, se fascinou mais por sua beleza, buscando a carreira de modelo, enviando a tal foto.
- Que fotogênico! – disse um dos agentes – Mas não sou eu quem decido e sim a chefe desse local. Pode esperar e falar com ela ainda hoje, se quiser.
Assim o fez, esperando por horas. Quando entrou na sala, espantou-se imediatamente. Não podia ser. Era aquela moça que tinha