Omercado de trabalho na ciências sociais
Há perspectivas divergentes na forma de se conceber as ciências sociais. Um dos pontos sujeitos a esse embate refere-se à sua concepção como profissão. Um argumento contrário a tal abordagem é que essa qualificação só se aplica às profissões ditas tradicionais, como a medicina, o direito e a engenharia. Para os que aceitam essa interpretação, as ciências sociais possuem uma outra lógica, que seria inerente ao mundo intelectual. Haveria, portanto, o universo das profissões e o da intelligentsia. Implícito na diferenciação estaria o mercado. As profissões viveriam nessa lógica. As mais fortes teriam um controle sobre o mercado. As fracas seriam controladas por ele.
Num outro circuito, distante e alheio ao do mercado, viveriam os intelectuais submetidos à lógica da vida universitária. Esta fundamenta-se na autonomia, na liberdade e no conhecimento especializado. Sua autoridade emergiria da capacidade de formular e de monopolizar conhecimentos. É no âmbito da universidade que se formam os profissionais.
No meu ponto de vista, essa visão dicotômica do mundo do trabalho profissional, em vez de captar sua lógica interna, acaba encobrindo-a, do que resultam várias conseqüências perversas. Se, aparentemente, a disciplina ganha alguma distinção social com o argumento da lógica própria, intelectual, diferente da vigente no mercado, perde-a porque expõe o limite explicativo ou interpretativo que as ciências sociais têm de si mesmas.
Uma outra perversidade dessa visão "isolacionista" é que ela induz a que se busque no seu interior respostas que não se encontram somente lá. Tenta-se diagnosticar e resolver a crise dos paradigmas das ciências sociais, a crise de produção nas ciências sociais, a crise dos cursos de ciências sociais, a crise da escassez de procura nas ciências sociais, a crise da evasão nas ciências sociais, a crise da feminização das ciências sociais e muitas outras.
Minha proposta é analisar as ciências sociais dentro do mundo do trabalho. Só