Oliver Sacks
Oliver Wolf Sacks, nascido em 1933, é um anglo-americano biólogo, neurologista, escritor e químico amador. Em seu livro “Um Antropólogo em Marte”, Oliver compartilha experiências em diversos casos clínicos e narra as dificuldades de adaptação das pessoas diante uma grande mudança.
No capítulo “Ver e Não Ver” o autor relata a história de Virgil, um homem de 50 anos que perdeu a visão ainda na infância. A véspera de seu casamento, a pedido de sua noiva, se submete a uma cirurgia de catarata com o intuito de voltar a ver. A cirurgia foi bem sucedida. Porem ao retirar os curativos, o paciente enxergou apenas algumas manchas, vultos e feixes de luz que não faziam nenhum sentido para ele. Só conseguia distinguir as pessoas através do som de suas vozes.
Alem disso, Virgil não possuía noção de distância, espaço e tamanho. Seu cérebro registrava apenas as partes do objeto e, nunca, ele por completo. Ele conseguia identificar as patas, o focinho e a barriga de um felino, porem não conseguia perceber que essas partes formavam o corpo de um animal. E, na maioria das vezes, fechava os olhos usando o tato para reconhecer e analisar os objetos com mais segurança e precisão.
Os médicos não compreendiam o porquê destas dificuldades e começaram a analisar, através de experimentos comportamentais e pesquisas, teorias para solucionar tais problemas.
Diferente do que pensamos no senso comum, o cego não dorme cego e acorda enxergando normalmente. O cérebro precisa de uma readaptação, um aprendizado novo. É necessário “aprender a ver”. Tudo aquilo que o cérebro foi obrigado a aprender e entender como verdade é deixada para trás e reaprendida da maneira inversa. Agora, o cérebro tem que aprender a utilizar a visão, antes mesmo de usar o tato para lhe passar segurança, por exemplo. Virgil teria que se adaptar e confiar no sentido da visão, o que pra ele poderia não ser tão fácil.
O mundo visível é criado a partir de nossas próprias experiências. Criamos um mundo