Oliveira Martins
Joaquim Pedro de Oliveira Martins, nascido em Lisboa, na Travessa do Pombal, hoje Rua da Imprensa Nacional, no nº 74, freguesia das Mercês – eram sete e meia da tarde do dia 30 de abril de 1845. À época de seu nascimento, governava Antônio Bernardes da Costa Cabral após o golpe de Estado de 1842, como o qual se restaurara a Carta Constitucional. Ainda sobre esse espaço de tempo, o clima político era de estímulo a ideia de prosperidade financeira. Porém, feridas profundas ainda custavam a sarar daquele tempo, que geraria a partir de 1846, um grave confronto civil, fruto da cobiça autoritária do governo e de seus interesses, contra os quais se rebelaram as hostes da Constituição – em nome dos ideais das revoluções de 1820 e de 1836 e dos princípios de Évora Monte (1834). Na juventude do autor, os acontecimentos em sua vida passaram sem grandes sobressaltos entre memórias e leituras, entre a nostalgia absolutista do tio e a linha liberal do avô. Ainda nos tempos de jovialidade, Oliveira Martins lê Alexandre Herculano, grande mestre e a maior referencia dos jovens – como cidadão e intelectual, lê o romancista e embrenha-se nas suas investigações históricas. Herculano torna-se, para Oliveira Martins o caminho que lhe permitirá a compreensão dos clássicos e da História. O jovem compreende a importância da influencia romântica, da primeira geração liberal, que conhecera as amarguras do exílio e fora obrigada a pegar em armas para defender seus ideais. Era Herculano o melhor símbolo ao lado de Garrett. Mas, Joaquim Pedro não olha a história como fator retrospectivo. Quer olhar para diante e tirar lições das experiências passadas. E a verdade é que a primeira geração liberal partira de circunstâncias diferentes das do novo tempo. Agora a revolução industrial devia chegar, era necessário preparar-nos para ela – e a receita livre-cambista não seria a mais adequada. Havia que completar a liberdade com a igualdade. Contra o fatalismo do