Ode ao burguês
Em profundo desabafo pessoal, o poeta denuncia a mesquinhez, o pão - durismo dos imigrantes bem - sucedidos.
Atendendo à técnica do verso harmônico, proposta no “Prefácio Interessantíssimo”, Mário de Andrade joga com a rima em diferentes posições, no mesmo verso ou em versos seguidos, daí as assonâncias alcançadas em zurros – muros – pulos.
Faz referência sarcástica aos hábitos colonizados de falar o Francês e participar da onda de “ pianolatria”.
É uma sátira aos que cultivam a ideologia da “caderneta de poupança”, tão empenhados em assegurar o futuro, que se esquecem de viver o presente.
Pessoas que têm banha, sebo na cuca, retardando o andamento de suas células cerebrais.
Colocando este verso após o diálogo mercantil entre o pai burguês e a filha pianólatra, o poeta se posiciona num socialismo emotivo e intenso.
Bronca contra o comportamento previsível daqueles que se deixam marcar pela repetição dos mesmos hábitos, sem perceber o quanto a rotina asfixia e aprisiona o cérebro e as sensações.
“giolhos”: joelhos; agressão aos “papamissas” que fazem do compromisso de ir à igreja muito mais um hábito social do que, efetivamente, um ato de fé.
Os adjetivos “vermelho”, “fecundo” e “cíclico” são aplicados contra a expectativa da norma. Geram nonsense. No verso seguinte reaparecem as antimerias: substantivos com função adjetiva.
Ode ao burguês é o poema mais famoso do autor. O título em si, parecia indicar um canto de triunfo (como eram as odes gregas) à burguesia, mas, na realidade, quando lido, revela sua intenção crítico - agressiva, pois o que se entende, ao pronunciá-lo é “Ódio ao Burguês”, o que o texto, efetivamente, é.
Repetindo a mesma